Na Festa de Corpus Christi os católicos celebram o "corpo de Cristo" que está presente na Eucaristia, a hóstia consagrada pelo sacerdote que, repetindo o Cristo na Santa Ceia, transforma pão em carne ("isto é o meu corpo"), vinho em sangue ("isto é o meu sangue - que será entregue por vós"). Embora a transformação da substância não aconteça, espiritualmente crê-se na presença da divindade naqueles alimentos, distribuidos aos fieis como auxilio espiritual na caminhada para a Salvação. No entanto, em caráter excepcional, a transformação foi material. São os casos dos chamados "Milagres Eucaristicos", dezenas espalhados por todo mundo. O mais conhecido, que impulsionou a instituição da festa, foi o milagre de Laciano, na Itália. Ocorrido nos anos de 700, o pão e o vinho consagrados por um padre que duvidou da real presença de Cristo converteram-se em carne e sangue que por séculos continuam em mesmo estado (a 1300 anos).
Deste curto comentário se apreende a dimensão que toma para a vida do católico esta celebração. Embora tenha acesso a receber este sacramento diariamente, desde que preparado, o dia da festa é um culto de reafirmação da fé na Eucaristia e de adoração a divindade. Todos se preparam espiritualmente e também externamente, enfeitando a rua por onde a procissão passará. Desse costume, que vai desde colocar bandeiras, toalhas nas sacadas e janelas a iluminar as ruas, decorre os trabalhos ornamentais no percurso a ser pisado primeiramente pelo sacerdote que conduz o Cristo, presente na Eucaristia.
EM PESQUEIRA, os tapetes de Corpus Christi animam as manhãs da festa católica servindo tanto ao embelezamento das ruas do centro como colaborando com a integração de diversos setores da sociedade.
Os tapetes são confeccionados com diversos materiais, no entato, é absoluta a utilização do "pó de serra", de serragem (resídual dos trabalhos de carpintaria, marcenaria). Coletado pela cidade, apresenta alguns tipos: mais fino (usado nos melhores detalhes), um tipo intermediário (para preenchimento de espaços coloridos maiores) e um mais grosseiro ainda com lascas da madeira (sem tingimento, para combrir os vazios fora do desenho, geralmente). O tingimento da serragem é feita manualmente e se torna momento bem divertido para os que produzem os tapetes. O processo é como o da junção do cimento a areia nas construções e a tinta é a mesma nelas utilizadas. O "xadrez", marca mais comum, é misturado ao pó, posteriormente forma-se um monte com uma cova no meio na qual se coloca agua e faz-se a mistura. Preto (para os contornos), azul, vermelho, verde, vinho, amarelo, muitas são as cores. O Branco, usado sobretudo para o desenho da Hóstia, vem do cal, tbm das construções (que requer cuidados a pele). Além da serragem, para completar o desenho, embora raramente, tbm se adiciona detalhes em isopor, plastico reciclavel. Produzem os tapetes vários grupos da cidade, como as Paróquias, Movimentos religiosos, grupos de jovens, escolas (públicas e particulares), o tiro de guerra , e outros interessados.
